Sem times do Brasil, ‘Fifa 15’ aposta em partidas e movimentos mais imprevisíveis
2014-09-25 10:42:00.0
Sempre que um novo “Fifa” é lançado, bate aquela dúvida: o que realmente mudou da versão do ano passado para esta? Na tentativa de ajudar os jogadores nessa tarefa, a reportagem separou as principais diferenças de “Fifa 15” para mostrar como elas operam.
Em linhas gerais, “Fifa 15” aposta em recursos que tornam as partidas do game mais imprevisíveis. A tecnologia de inteligência emotiva, por exemplo, faz com que cada atleta virtual reaja fisicamente de maneira única às jogadas. A programação dos goleiros, refeita do zero, cria defesas mais reais e condizentes a cada tentativa de gol. Enquanto isso, a física da bola está mais solta e possibilita chutes estourados e que se desviam com facilidade.
“Fifa 15” é o primeiro game da série a ser produzido com os videogames de nova geração sendo o foco principal. E para Gilliard Lopes, produtor brasileiro do jogo, o poder do PlayStation 4 e do Xbox One ajudou a Electronic Arts a refazer os goleiros, que agora são mais inteligentes.
O que isso significa – A reformulação da inteligência artificial dos arqueiros é facilmente o aspecto técnico mais notável. E graças às animações totalmente refeitas, eles conseguem reagir de maneira espontânea aos chutes a gol. Em “Fifa 15”, você verá os goleiros pulando em uma direção, mas esticando a perna na outra ao perceber que a bola desviou na zaga, por exemplo.
Seja em uma ponte para alcançar a bola no alto ou em uma defesa à queima-roupa, os guardametas se comportam de maneira articulada e orgânica e fazem defesas mais reais, mudando a posição dos braços e pernas para se adaptar a cada tipo de ataque e reduzindo a previsibilidade dos outros jogos.
Mesmo assim, alguns frangos inexplicáveis continuam acontecendo aqui e acolá. Nada muito grave.
É de se esperar que uma franquia com edições anuais sempre evolua em seus quesitos estruturais. Mas apesar de a EA ser craque em promover esse tipo de aspecto, “Fifa 15” não abusou da verborragia técnica na hora de se vender.
O que isso significa – Enquanto “Fifa 14” já mostrava um nível de detalhamento facial interessante no PS4 e Xbox One, “Fifa 15” dá um passo adiante e reformula os corpos de cada jogador. Os modelos dos atletas estão atléticos e diferentes uns dos outros. Basta pegar o uruguaio Cavani, do PSG, um esbelto ser de 1,88 m, e comparar com o argentino Lavezzi, seu companheiro de equipe de biotipo troncudo e 1,73 m de altura.
A física da bola, por sua vez, é mais solta. Isso possibilita que os jogadores deem chutes estourados, de bico de pé, com facilidade. A condução da pelota também acontece com maior distância do corpo, e não são raras as oportunidades de drible que dispensam o uso do botão dedicado a essa função.
A mudança, somada à movimentação mais livre dos próprios jogadores, cria novas e incomuns oportunidades de tento. Chutes resvalam com frequência nos zagueiros ou em quem estiver pela frente, e gols de bola desviada passam a acontecer com frequência. Esse funcionamento mais dilatado pode desagradar quem apostava em jogadinhas premeditadas de linha de fundo, por exemplo.
Outra novidade é a mudança de papéis nas cobranças de laterais e escanteios. Desta vez, é possível controlar não o cobrador, mas o receptor da bola. Útil em situações onde a marcação é apertada.
Mas talvez a reformulação menos alardeada, e mais bem-vinda, do espectro funcional de “Fifa 15” seja os menus. Eles finalmente foram reformulados e agora é muito mais fácil visualizar o posicionamento de cada jogador no plano tático da equipe. Com a inclusão do banco de reservas na mesma tela dos titulares, em uma área maior e com os rostos de cada um, nunca foi tão simples conseguir deixar a equipe com os atletas que você quer e na formação desejada.
Quando foi anunciado na feira E3 2014, o carro-chefe de “Fifa 15” foi a chamada inteligência emocional, um recurso capaz de ajustar as atitudes e expressões faciais dos 22 jogadores em campo de acordo com os fatos da partida. Na época, o produtor Aaron McHardy disse que o objetivo da tecnologia era “contar a história de cada jogo” a partir das diferentes reações dos atletas, sejam elas de felicidade ou de descontentamento.
O que isso significa – Agora, ao invés de os jogadores se comportarem de maneira uniforme a cada lance, há retratos de alegria ou decepção individuais. De um lado, você irá ver um zagueiro cabisbaixo e de mãos na cintura após sofrer um gol, enquanto o companheiro de equipe está pulando para se animar e continuar com a partida. Do outro, até o goleiro irá comemorar quando seu time abre ou amplia o placar.
É bom deixar claro que esse processamento de emoções de “Fifa 15” é discreto e atua no plano de fundo de jogo, passando muitas vezes despercebido para os jogadores mais concentrados. Quando ele é notado, no entanto, cria situações únicas que contribuem com a atmosfera competitiva do futebol.
Assim como a inteligência emocional, várias outras novidades de “Fifa 15” giram em torno dos aspectos sensoriais do futebol. O gramado se desgasta em tempo real, os uniformes acumulam sujeira com o passar do jogo e até as traves do gol e das bandeirinhas de escanteio são animadas.
O que isso significa – Basta os jogadores começarem a correr e disputar jogadas para o campo mostrar seus primeiros machucados. No caso de um carrinho mais duro, a marca horizontal é nítida e deixa uma falha no meio do gramado. Isso ajuda a criar uma maior noção de causa e consequência, mas em alguns momentos pode parecer exagerado. Mesmo em partidas ditas tranquilas, o campo pode ficar bastante machucado, o que faz pensar se por ali passou uma partida de futebol ou uma manada de bois.
Por outro lado, o clima de jogo ao vivo é reforçado com a inclusão de cantos de torcida em vários idiomas e do sistema de som dos estádios, que anuncia substituições, autores de gols e outras informações aos torcedores. Esse tipo de detalhe torna a partida mais pulsante.
Novos ângulos de câmera também tem um papel importante e ajudam a deixar “Fifa 15” com ainda mais cara de transmissão de TV. Da narração dos gols no intervalo dos jogos, com uma iluminação diferente e imagens em velocidade reduzida, aos closes nos pés dos jogadores e nas reações aos lances, cada replay é dramático e cinematográfico.
São todos detalhes, mas “Fifa 15” ganha muito com essa atenção à atmosfera futebolística. O fato de ser possível puxar os jogadores pela camisa em uma disputa ombro a ombro e de um chute na veia resvalar na trave e entrar, sem defesa para os goleiros, não altera necessariamente a ordem do produto, mas com certeza o deixa mais atraente.
No final de julho, a EA anunciou que “Fifa 15” não teria clubes brasileiros e atletas que atuam no Brasil. A notícia pegou os fãs desprevenidos e foi alvo de críticas. Para Jonathan Harris, diretor da empresa no país, o impasse jurídico gerou “um passo atrás em termos de conteúdo” para o game.
O que isso significa – Não se deixe enganar: a ausência dos times brasileiros é bastante sentida em “Fifa 15”, ainda mais pelo fato de o jogo oferecer todas as equipes de ligas menores, como a da Arábia Saudita e da Noruega. Muitos jogadores só usavam as equipes nacionais mesmo nos modos on-line, onde os gigantes europeus costumam dominar as partidas.
Mas quem mais sofre é a seleção brasileira. A amarelinha aparece com a escalação desatualizada, já que conta apenas com atletas que atuam no exterior. Se você gosta de jogar sempre com a convocação mais atual – Robinho, Gil, Elias, Everton Ribeiro, Ricardo Goulart e Diego Tardelli inclusos – esqueça. Pelo menos por enquanto.
G1