A Nest Labs tem apenas quatro anos, dois produtos na prateleira e a missão de “reinventar dispositivos não amados, mas importantes em uma casa”. E, para o Google, vale US$ 3,2 bilhões. A gigante da tecnologia anunciou que comprará a start-up fundada por dois ex-funcionários da Apple.
Nesta terça-feira (14), a imprensa, os blogueiros e especialistas no multimilionário mercado de tecnologia analisavam o que a aquisição significava: O Google está comendo o almoço da Apple (Mashable), O Google quer gerir a sua casa? (USA Today), Uma “ideia louca” por um preço louco? (BBC)…
Para começar a entender a aposta do Google, vamos aos dois produtos que a Nest já colocou no mercado. O primeiro lançamento da empresa foi o Nest Learning Thermostat, em 2011. O produto custa US$ 249 e pode ser controlado por celular, com um aplicativo. Com o passar do tempo, como seu nome diz, ele “aprende” sobre os hábitos dos moradores da casa, por meio de análises estatísticas e sensores de movimento, e passa a ajustar a temperatura automaticamente. O termostato inteligente “sabe” quando não há ninguém em casa e reduz o consumo de energia. O outro produto é o Nest Protect O alarme inteligente consegue distinguir entre uma pequena fumaça – algo queimando no fogão – ou uma emergência e mostrar em que ambiente da casa está o problema. O aparelho custa US$ 129.
Ao olhar para os dois produtos, é perceptível que vêm da “escola Apple“. A aquisição mostra um interesse do Google de aprender também nessa escola. No comunicado sobre o negócio, Larry Page, CEO do Google, afirmou: “Os fundadores da Nest, Tony Fadell e Matt Rogers, formaram um grande time e estamos felizes de recebê-los na família Google. Eles já estão entregando produtos maravilhosos, que você pode comprar agora mesmo (…). Estamos felizes de levar grandes experiências a mais casas em mais países e realizar!”.
>> Entenda a internet das coisas: A internet onde cabe tudo
O encerramento da declaração de Page traz outra questão sobre o negócio bilionário. Muito mais que o design elegante dos produtos Nest, o Google pode estar interessado em ter mais um ponto para encontrar o internauta ou para encontrar seus dados. A empresa investe na chamada internet das coisas. Os dispositivos para o lar podem se tornar mais uma fonte para a companhia conhecer os hábitos das pessoas e aperfeiçoar seus serviços para atendê-las dentro de suas rotinas. Mas essa possibilidade trouxe preocupação para os clientes da Nest. Segundo reportagem do Los Angeles Times, alguns já querem devolver seus produtos com receio de que seus dados – utilizados para que os aparelhos funcionem de acordo com a rotina dos consumidores – acabem nas máquinas do Google. O Google afirmou, entretanto, que a política de privacidade atual da Nest será mantida. Matt Rogers, um dos fundadores da Nest, disse o mesmo em seu blog: “Nossa política de privacidade limita claramente o uso de informações sobre os clientes ao oferecimento e à melhoria dos produtos e serviços da Nest. Sempre levamos a sério a privacidade e isso não mudará”.
Por enquanto, a Nest deve continuar a seguir a estratégia que a levou a ser comprada por US$ 3,2 bilhões. Tony Fadell continuará à frente da empresa.
LY