Semana passada, publicamos um artigo para dar início a uma série que visa trazer informações completas para você que está querendo montar ou comprar um PC gamer.
Conforme prometemos, este é o texto sobre placas de vídeo elaborado em parceria com Ronaldo Buassali. Hoje, vamos abordar detalhes que você deve levar em conta na hora de pesquisar e adquirir sua placa gráfica.
Muitas empresas vendem placas de vídeo pela quantidade de memória (anúncios de placas com “2 gigas” são bem comuns), transmitindo ao público uma sensação de imponência, mesmo que elas tenham um desempenho medíocre.
É fundamental se informar sobre a tecnologia da placa e conhecer suas características. Informações como a largura de barramento da memória, frequência do processador gráfico, quantidade de memória, frequência da memória e o chip utilizado (relativo à tecnologia da placa e seu modelo) são determinantes para conhecer seu desempenho.
A seguir, vamos descrever alguns dos itens mais importantes para a escolha de uma placa de vídeo destinada a games.
Processador Gráfico (GPU)
Como o próprio nome diz, a GPU (Unidade de Processamento Gráfico) é o chip que executa o processamento gráfico. Para este item, descartaremos as tecnologias anteriores às séries GTX400, no caso dos modelos NVIDIA (do início de 2010), e HD5800, na opção da AMD (de meados de 2009).
Os recursos das placas mais atuais são mais desenvolvidos, fazendo com que a nossa indicação seja para placas com as tecnologias mais recentes. É claro que a ideia é procurar produtos que estejam dentro de suas condições de compra, portanto a pesquisa é muito importante. As séries mais adequadas são:
- NVIDIA: GTX 4XX, GTX 5XX, GTX 6XX, GTX 7XX, GTX Titan
- AMD: HD 58XX, HD 59XX, HD 68XX, HD 69XX, HD 77XX, HD 78XX, HD 79XX, R7 260X, R9 2XX
As placas modificadas pelas fabricantes (ASUS, MSI, XFX, Sapphire, Powercolor) tendem a ser ainda melhores. É o caso das versões Direct CUII, Lightning, HOF, Extreme, Classified, Matrix, ARES e outras, afirma
Frequência do processador gráfico (MHz)
É a quantidade de ciclos por segundo que a GPU consegue processar. Cada ciclo permite um número de cálculos, e mais tarefas são realizadas num mesmo tempo quando este parâmetro é aumentado. Normalmente, o termo “clock” também é utilizado e erroneamente é atribuído à velocidade, porém a frequência (MHz) jamais pode ser confundida com velocidade.
Grande parte das placas de vídeo pode ter seu clock alterado, para cima ou para baixo (overclock ou underclock). O overclock, bastante popular entre os jogadores, pode ser praticado com alterações físicas (pouco utilizado, pois requer conhecimento técnico elevado) ou simplesmente com a utilização de softwares apropriados (MSI Afterburner, EVGA Precision, Asus GPU Tweak, Riva Tuner e outros).
A elevação do clock gera, como consequência, o aumento de temperatura, portanto recomendamos cuidado aos que se aventurarem nesta área.
(Fonte da imagem: Reprodução/NVIDIA)
Um detalhe interessante é que, muitas vezes, as fabricantes lançam modelos de uma mesma placa com clocks elevados (overclocked, OC Edition, superclocked etc.). Não recomendamos a compra dessas peças se forem mais caras, a não ser que tenham modificações como um sistema de refrigeração e alimentação diferentes. Do contrário, é a mesma placa com a BIOS modificada.
A simples elevação da frequência dentro dos limites de fábrica pode ser obtida fácil e gratuitamente, por alteração de BIOS ou de software apropriado. Neste caso, vale a pena comprar o modelo mais barato e fazer a alteração em poucos segundos, economizando um bom valor. Todo chip tem a sua própria capacidade de overclocking, sendo alguns mais “elásticos” e outros menos.
Quantidade de memória (GB)
Para esse item, a recomendação mínima é de 1 GB. Valores abaixo disso devem ser desconsiderados para a inclusão da placa no segmento de jogos. Atualmente existem placas “gamer” com até 6 GB de memória, mas placas com menor capacidade podem ser suficientes.
O padrão de memória mais recente é o GDDR5, o qual garante melhores resultados nos games. Contrariamente ao que se fantasia, a memória não pode ser “somada” em casos de utilização de mais do que uma placa de vídeo trabalhando em paralelo.
Largura de barramento (Bits)
É quantidade de bits (menor unidade de informação que pode ser transmitida) que pode trafegar ao mesmo tempo pelo barramento da memória. Neste quesito, recomendamos como padrão mínimo a quantidade de 128 bits.
(Fonte da imagem: Divulgação/MSI)
É muito comum a estratégia de venda de placas indicando sua quantidade de memória, sem informar a largura de barramento. Podemos exemplificar com o modelo NVIDIA GT610 e AMD HD 6450, que, assim como muitos, podem possuir 2 GB de quantidade, mas apenas 64 bits para a largura de barramento, o que o torna inadequado para um computador gamer.
Frequência da Memória (MHz)
Assim como na GPU, é a quantidade de ciclos por segundo na qual trabalham as a memórias da placa. Da mesma forma que no processador gráfico, em muitos casos pode ser realizada a alteração da frequência (overclock ou underclock), causando mudança de desempenho e alteração da temperatura de trabalho.
Geralmente os mesmos softwares utilizados para a modificação dos parâmetros da GPU permitem algum incremento nos valores das memórias. Valem para essas as mesmas observações realizadas em relação ao processador gráfico.
Configurações Multi-GPU
Outra possibilidade bastante comum é a utilização de mais de uma placa de vídeo em um computador. Atualmente, é possível utilizar até quatro placas de vídeo, dependendo da capacidade do PC. As configurações multi-GPU são denominadas SLI no caso dos modelos da NVIDIA (2Way, 3Way e 4Way) e CrossFire nas placas AMD (CrossFireX para mais de duas placas).
Ambas fabricam placas “Dual GPU”, as quais contam com dois processadores. São caras e poderosas, porém devido à intensa geração de calor, geralmente trabalham muito quentes e usualmente têm a sua frequência diminuída para evitar problemas (salvo placas de séries “especiais”, como a ASUS ARES II, que sai com refrigeração “especial”).
Para configurações Multi-GPU é necessária a compatibilidade da placa-mãe com este sistema.
API
Outra característica importante é a Interface de Programação de Aplicativos (API) utilizada, pois ela permite que seu sistema execute as formas, movimentos, cores, iluminação e todas as tarefas 3D do DirectX. Atualmente, estamos na versão DirectX 11.2. Para rodar os jogos mais modernos, você vai precisar de uma placa compatível com a versão 11.0.
NVIDIA versus AMD
Talvez, a maior “disputa” em relação às placas de vídeo seja a busca pela hegemonia entre as fabricantes. Ambas possuem placas para todos os nichos de mercado. Para as placas de menor poder entre as “adequadas” para um computador gamer, podemos dar como exemplos as GTX650 e GTX 650 Ti (NVIDIA) ou HD7790 e R7 260X (AMD).
Apesar de não ser a fonte principal de recursos (vendem-se muito mais placas simples do que de alta performance), existe grande interesse em possuir a placa de maior poder do mercado. As placas mais robustas do momento são as seguintes: NVIDIA GTX 780Ti, NVIDIA GTX Titan e AMD Radeon R9 290X — essa última com inédita largura de barramento de 512 bits, 4 GB de memória GDDR5 e preço mais baixo.
(Fonte da imagem: Reprodução/Hardware 360)
Ambas as marcas trabalham constantemente para aperfeiçoar os drivers, portanto deve-se ficar atento a novas atualizações que podem trazer melhoras consideráveis.
Dicas importantes:
- Via de regra, comprar uma placa mais recente é uma melhor opção, mas é possível achar boas ofertas de placas novas, com tecnologias anteriores ainda adequadas para a jogatina (desde que estejam entre as séries citadas);
- Para comprar uma placa usada, recomendamos um teste para verificar suas condições de trabalho: rodar os jogos durante algumas horas monitorando sua temperatura (GPUZ – http://www.techpowerup.com/gpuz/) e testar em estresse (OCCT, Furmark, Combustor). A placa não deve apresentar artefatos na tela (pontos, manchas, riscos, deformações etc.), perder o driver de vídeo, ficar negra, apresentar irregularidades e inconsistência de imagem, assim como também não deve trabalhar com temperaturas excessivas. Quem compra uma placa usada deve ter cuidado com tudo isso e, de preferência, conhecer sua procedência.
- Por último, devemos levar em consideração a marca. Apesar de a NVIDIA e a AMD concederem vendas a marcas “obscuras”, estas podem indicar economia por parte do vendedor. Marcas conceituadas não são à toa reconhecidas no mercado. Você provavelmente terá mais desempenho por isso (melhor suporte, melhor sistema de refrigeração, BIOS mais aprimorada, acessórios, garantia etc.) e, com certeza, maior facilidade de revenda, se desejar mais adiante fazer um upgrade em sua máquina.
Nossas dicas acabam aqui. Fiquem ligados, pois em breve traremos um artigo sobre processadores voltado a computadores gamers.