Divulgação/NasaSonda Curiosity realiza medições da atmosfera e faz pesquisas em solo marciano há 20 meses
Essa “elevação súbita seguida de declínio” indicaria que deve haver uma fonte de metano “mais ou menos localizada”, nas proximidades da cratera, explica o integrante da equipe encarregada da sonda marciana Sushil Atreya, da Universidade de Michigan.
Há 20 meses a sonda realiza medições no planeta vermelho, período em que registrou os picos de metano em 60 diferentes dias marcianos. Processos biológicos não são, contudo, a única explicação possível para a produção do gás, que na atmosfera terrestre tem uma duração de cerca de 300 anos.
Ele poderia estar armazenado em camadas subterrâneas de gelo, e sua súbita eclosão em grande quantidade, ser provocada por distúrbios mecânicos ou térmicos do solo. Nesse caso, permanece a questão de como o metano teria chegado a esses estratos mais profundos.
Para identificar sua real origem, os pesquisadores precisariam saber de que isótopo do metano se trata. Entretanto, sua baixa concentração na atmosfera marciana (em média, 4 mil vezes inferior à terrestre) é ainda insuficiente para permitir exames nesse sentido, apesar dos picos acentuados.
Ao perfurar uma rocha, a Curiosity também detectou outras moléculas orgânicas, que os pesquisadores acreditam ser a primeira confirmação de carbono orgânico no solo do planeta vermelho. A identidade desse material é desconhecida.
Cientistas acreditam que a cratera Gale, onde o robô pousou e coletou a amostra, foi um lago há bilhões de anos, e o terreno seco do local atual são sedimentos que ficaram lá. O terreno tem até 20% de argilas do tipo esmectita. Na Terra, esse tipo de argila costuma se apresentar como camada de separação entre camadas de compostos orgânicos depositados rapidamente no solo.
As moléculas orgânicas encontradas também têm átomos de cloro, e incluem clorobenzeno e vários dicloroalcanos. O clorobenzeno é o mais abundante, com concentrações entre 150 e 300 ppb (partes por bilhão). O clorobenzeno não ocorre naturalmente na Terra, sendo sintetizado para uso na fabricação de agrotóxicos (inseticidas DDT), herbicidas, adesivos, tintas e borracha. O dicloropropano é usado como solvente industrial.